quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O orgulho carnívoro dos gaúchos

   Uma coisa que não nego com certo orgulho bairrista, por qualquer pago que ande, é que sou gaúcho. Embora eu saiba que muito de nossa tradição seja uma construção posterior ao fato que elas remetem, me sinto orgulhoso dela ( tal qual como um físico e/ou um marxista que crê em Deus). E como todo bom gaúcho, algo que creio que seja, ou tente ser, penso que a associação que se faz com este adjetivo pátrio faz é inequívoca: churrasco.


Foto de um pequeno tira-gosto realizado antes de um churrasco




   A palavra "gaúcho", cuja origem é imprecisa, assim como o povo que ela representa, ultrapassa as fronteiras. Adentrando pelo Uruguai, pampas argentinos e sul do Brasil, esse povo encontra parte de sua essência no ardor de uma fogueira sobre um animal morto. E é assim que, de alguma forma, nós gaúchos ficamos conhecidos ao redor do mundo como excelentes churrasqueiros. Além de ter uma mística que atrai as mulheres, mas isso é assunto para outro post.

   O que acontece, e que venho aqui reclamar, é que existem pessoas que ao defenderem seus pensamentos, acabam atacando o dos outros, gerando um atrito. É o que ocorre entre os churrasqueiros mores, como eu, e os vegetarianos. Certa vez li que o gaúcho é o tipo mais desumano dos humanos, por sentir prazer em comer outro animal. Quanta ignorância! Explico.

   Além de não ser só o povo gaúcho que come animais mortos, assados ou não, tal carnificina só demonstra que somos um povo de boa memória. Ora, estamos aqui honrando nossos antepassados, que tanto lutaram para que chegássemos ao topo da cadeia alimentar!

Cadeia alimentar: até os zumbis chegarem, estaremos no topo







    Além do fato de estarmos honrando nossos antepassados, outro fator pesa na nossa escolha pela carne: o ato ritualístico de se sentir superior sobre uma presa abatida. Ao honrarmos quem pisou na terra antes de nós com um belo churrasco, estamos, ao mesmo tempo, honrando a vida do animal que foi morto, comendo-o por inteiro, aproveitando dele até o berro.

   Certa vez li que, ao nos alimentarmos de outro animal, estamos cometendo uma espécie de canibalismo de reino. Ora, então me expliquem os vegetarianos, como que adubamos as plantas para que se nutram? Isso mesmo, resto de outras plantas mortas, o famoso adubo orgânico. Seriam, então, também as plantas canibais? Na opinião desse humilde escritor, é quase certo que sim. Estamos todos, portanto, a cometer esse canibalismo de reino.

Adubo orgânico: ou seria, churrasco para plantas?




   Pois é minhas crianças, além dos fortes fatores culturais, ainda temos os fatores físico-biológicos para nos alimentarmos de outros animais: imagine um bebê recém nascido mamando na teta de um brócolis!!!

   A comida é parte da minha cultura; Eu também sou parte da minha cultura; Se você não gosta da minha comida, logo não gosta da minha cultura, e, portanto, você não gosta de mim. Se você não gosta de mim, te afasta da minha churrasqueira e vai comer a grama do jardim!



   Um abraço sufocante e carnívoro a todos!



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O mito do saber absoluto

   Lembro-me de uma certa ocasião em que levei minha irmã, adoentada, ao médico. Chegando ao consultório, qual não foi a minha surpresa ao ouvir que o médico constatara, talvez por inferência divina, que minha irmã estava com uma virose. Irônico, como sempre tentei ser, agradeci ao médico e disse que agora poderíamos ficar mais tranquilos uma vez que ela estava com algo entre gripe e AIDS. Quase fui surrado pelo médico.
   O pequeno causo real acima demonstra com clareza uma atitude daqueles que detêm o mito do saber absoluto.

Médicos: uma das classes profissionais que mais sofre ( e se aproveita) do mito do saber absoluto

   Mas, o que, what hell, é o mito do saber absoluto? É o mito, segundo o qual, a pessoa, ou o profissional ( o que dá na mesma) é infalível, pois estudou para saber tudo aquilo. Como no caso de minha irmã: como o médico poderia saber se é uma virose, sem ao menos realizar um único exame? E, ainda que realmente fosse uma virose, qual das milhares delas?
  Esse mito se desfez para mim quando estava na segunda série. Quando meus colegas perguntavam para a professora os significados de diversas palavras da nossa amada língua portuguesa. A professora, num beco sem saída, obrigou-se a dizer que não possuía o conhecimento do significado de todas as palavras, assim como ninguém jamais saberia, ou soube, sobre tudo.


Professorado: a classe que mais perdeu com o fim do seu monopólio do saber

   Este mito, minhas crianças, é o que faz com que muitas pessoas sejam tratadas de forma errada por médicos que mal as olharam. Ainda assim essas pessoas aceitam esse tipo de tratamento, porque, afinal de contas, quem lhes receitou foi um médico, não pode estar errado. Por certo que muito disso acontece por falta de um sistema de saúde  falho, muito falho, que sujeita esses profissionais a darem maus atendimentos.
   Outro exemplo clássico do mito do saber absoluto se encontra na seguinte afirmação: " se apareceu na tevê, é porque é verdade!". Como os leitores desse blog devem saber, nada está mais longe da verdade. Sabe-se de inúmeros casos, isso somente para citar o caso brasileiro, em que as emissoras de tevê mentiram, omitiram ou, pior ainda, inventaram notícias para forjar uma verdade.

Televisão: outra fonte do mito em questão
   O problema de tal mito é menos dos profissionais que os carregam e mais da educação com a qual o povo é adestrado. A internet tem contribuído e muito para dissolver alguns mitos ( e criar outros tantos), mas a capacidade de refletir e argumentar é que é a principal arma contras os maus profissionais que utilizam seu diploma como se fosse um deus sabedor de todas as questões, ou o Google. E essa capacidade se adquire através de uma educação de qualidade, onde, também o professor, não seja o dono da verdade, mas um catalisador da curiosidade que leva o alunado ao conhecimento.
   Como sempre, a raiz de todo o problema é a falta de esforço educacional de um país onde se crê que investir em educação seja construir um prédio e colocar uma placa com o escrito "escola" nele.


Escola abandonada: construtora de mitos e perpetuadora da ignorância
   Ou se radicaliza o investimento em educação, ou teremos sempre uma virose, na qual o vírus ignorância é o principal agente da doença social vivida na Terra Brazilis.

   Um abraço sufocante e detentor de todo o saber à todos!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um brinde ao Rock!

  Os leitores desse humilde blog, que não são muitos mas são constantes, acabam por me fazer quase sempre a mesma pergunta. Por que eu sempre acabo falando mal de um estilo musical em meus posts? A resposta é quase óbvia: este ser que vos fala é, simplesmente, um amante do Rock.


This is Rock!!!

   Como disse certa vez o grande filósofo gaúcho Alemão Ronaldo: os outros ritmos são as ondas do eterno oceano do Rock and Roll. E eu tive a sorte de nascer nessas águas. Desde o berço, época em que chorava para dormir ao som de Nazareth, já dava indícios de que eu seria um discípulo ferrenho do som que emana dos céus e dizem ter sido criado pelo Capeta.
   Independente de qual a divindade, ou capetanidade, que criou o Rock, o fato é que o século 20, boa parte dele ao menos, foi catalisado com o Rock como trilha sonora. Com seu tom desafiador e letras inteligentes, esse oceano varreu to Ocidente a caretice e os velhos costumes que contaminavam gerações. Muros foram derrubados e revoluções feitas por jovens que não aguentaram crer que o mundo era a repetição da vida monótona de seus pais e distorceram esses sons.



Jimi "Deus" Hendrix em Woodstock'69: revolução cultural
   
   Já ouvi dizerem que tenho que gostar de coisas nacionais, que o Rock é coisa da gringa. Pode ser, mas, e desde quando a música tem nacionalidade? A música é inerente ao ser humano e patrimônio da humanidade. Além do mais, esse tipo de opinião é típica de colegas comunistas de apartamento que têm muito dinheiro na carteira, nunca pegaram num martelo e nem sabem  o que é uma foice. No meu tempo de escola, eram apenas bundões. Hoje são vítimas de bullying  tadinhas que escutam Otto sem entender uma palavra do que o cara fala, mas dizem que é legal.
   Houve tempo em que eu era mais radical. Não aceitava que as pessoas ouvissem outros ritmos. Hoje em dia aprendi a respeitar os gostos: se uma pessoa quer dissolver seu cérebro ouvindo Michel Teló, que o faça, não tenho nada a ver com isso.



Pessoa portadora de cérebro ouvindo sertanejo universitário

   O problema todo não está em não gostar de Rock: o problema está em aceitar ouvir o que o mercado promove sem que seja feita uma reflexão. Qualquer um que seja capaz de refletir verá que as rádios estão reproduzindo fezes por ondas sonoras. Essa atitude é repudiada desde os príncípios do Rock, que é, por excelência, uma forma de contestação, logo, o resultado de uma reflexão.
   Certa vez me disseram que eu acabaria ouvido Rock sozinho. Sei que é mentira, mas, ainda que fosse verdade, eu o faria. Como diz Nelson Rodrigues " toda a unanimidade é burra!", coisa que, os anos me dizem, eu não sou. Prefiro fazer parte da minoria, a fazer parte da unanimidade que é capaz de reeleger Collor e escutar Luan Santana.
  E, acho, o pior de tudo é ser chamado de nazista por colunista do Yahoo! porque vaiamos um péssimo show da Cláudia Leitte. E quem lembrará dela quando ela parar de rebolar?


Um brinde ao Rock!!!
    Um país também é o resultado do que o seu povo escuta. Logo, nós rebolamos... e muito!
  
    Um abraço sufocante e distorcido à todos!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Brasil e seus Kadhafis amestrados: um país de quem consome!

   Hoje, mais um país do mundo mulçumano comemora sua virada (?) na ordem das coisas, a tal revolução. Com a morte de Moammar Kadhafi, o mundo livrou-se de mais um megalomaníaco tirano. Lembro que é comum ver as pessoas dizerem no Brasil o quanto é bom não existir esse tipo de gente por aqui. Não existe mesmo?


Kadhafi: a classe do Mestre Kame com a cabeça do Sérgio Malandro
   Nós outros brasileiros costumamos pensar, felizes, que este tipo de cancêr social maligno só acontece nos pagos distantes: ledo engano, no Brasil, ao invés de um megalomaníaco, temos um sistema dessas proporções. Explico.
   Lembro-me de certa vez, no limiar entre a adolescência a fase adulta, de ter visto um jovem negro sentado na frente de um dos endereços comerciais mais nobres da cidade de São Leopoldo. Ele comia um pão, aparentemente sem nada dentro. Aproximaram-se, numa viatura, quatro brigadianos, a polícia militar do Rio Grande do Sul, e começaram a ofender o rapaz que estava ali, para que o mesmo saísse daquele lugar. O rapaz não obedeceu. Foi quando, aos socos, o jovem negro foi convencido covardemente por um desses "homens" de farda, a deixar o local , tornando-o mais " limpo".
  Ao presenciar a cena supracitada, eu, um iniciante na graduação de História, vi a Constituição Brasileira de 1988 ser rasgada como lixo. " Todo o cidadão brasileiro, nato ou naturalizado, tem o direito de ir e vir por todo o território nacional" é o que diz a Constituição.

Violência policial: a culpa é de quem?
  A partir do relato acima, pergunto: quem são os cidadãos que podem ir e vir no Brasil? Respondo: somente aqueles que consomem. E não aquele que consome seu pão velho em frente a uma loja. Mas sim, somente quem consome o que está na loja. Infelizmente, se você não está na classe consumidora, você tem o direito de ir e vir para onde os que consomem querem que você vá.
   Levando a coisa para uma esfera maior, temos o exemplo atual do caso Rafinha Bastos. Alguém duvida de que ele será condenado, mesmo sem ter cometido crime algum? Isso vai ocorrer somente porque ele se envolveu num enrascada com famílias poderosas, que consomente mais que ele. E se a piada fosse com a menina negra que está grávida e cheirando cola na esquina? Nada aconteceria.
   E o caso Rafinha é só um exemplo, temos muitos outros: Maluf, Teixeira, Cacciola, Lalau, Macedo, Marinho e tantos outros que cometeram verdadeiras atrocidades legais e nem ao menos foram julgados. E olha que esses nem são os verdadeiros vilões da História. Apresento-lhes a face do mal:

O Congresso Nacional: Pólo megalomaníaco brasileiro
  No local acima, temos os nossos Kadhafinhos. Erguem monumentos (obras) que não servem para nada. Erguem uma Constituição que não ensinam o povo a defender. Erguem somas em dinheiro que abaixam em seus fundilhos. Não erguem leis que atendam as demandas da sociedade, engessando o judiciário e toda a cadeia abaixo dele. Erguem a mão para pedir o meu voto. Erguem sorrisos deslavados de quem está rindo na derrota, como os líderes loucos e sádicos. São esses caras, mandantes do sistema brasileiro, e não os policiais, que erguem o cacetete para impedir que alguém coma o seu pão. São esses caras que derrubam meu país.




   E nós? Nós arriamos as calças e tomamos bem tomado...

  "Le Brésil n’est pas un pays sérieux" Charles DeGaulle (?)
   Um abraço sufocante e megalomaníaco à todos!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

The Walking Dead: o lado bom da coisa!

   Não sou um cara extremamente macho, do tipo que diz que pega cobra com a mão, mas poucas coisas conseguem me deixar tenso o suficiente ao ponto de sentir medo. Uma delas é ter de escutar Aviões do Forró ou então as rádios " sertanejas" dentros dos ônibus da vida. Visualmente falando, outra coisa que me deixa nesse estado, é assistir The Walking Dead.

The Walking Dead: Medo!!!
   A série exibida pela Fox se passa num mundo em que, de alguma forma, os mortos começam a andar e ganham predileção pela carne humana para saciar a fome. Fome? Não sabia que mortos sentiam isso, mas tudo bem. O fato é que a coisa toda se centra na sobrevivência de um pequeno grupo de pessoas a toda ordem de dificuldades: os zumbis são só mais uma delas.
   Fome, doenças, desconforto, são algumas das faces que a morte pode assumir nesse novo e improvável mundo. Mas, até que um mundo nessa situação não seria algo tão ruim. Pensemos juntos:
  Você poderia atirar na cabeça do seu chefe com a consciência de que estaria fazendo a coisa certa;
  Os níveis de criminalidade iriam despencar vertiginosamente;
  Finalmente nos livraríamos do Congresso e sua corja de corruptos, ops, políticos;
  Se o Rafinha Bastos virasse um zumbi, poderia dizer que comeria quem ele quisesse sem problema algum;


Rafinha: se ele fosse zumbi, poderia comer quem quisesse
  Aulas chatas? Nunca mais;
  Emprego? Para que? Agora para ter o que você sempre sonhou, como aquela tevê gigante, é só pegar! Pena que não tem mais eletricidade;
  Nunca mais ficaria com medo de colocar a tevê na Globo e ver Zorra Total;
  Poderia criar seu próprio feudo;
  Você iria provar pra todo mundo que é macho ao sobreviver, mas sexo continuaria sendo um problema! ( a menos que descubra como fazer isso com zumboas!)

  Vendo pelas colocações acima, até que o cenário de um apocalipse zumbi não seria dos mais desoladores! Talvez por isso que eu sempre acabe assistindo essa série, mesmo com a tensão louca que ela me transmite!!!!


   Um abraço sufocante e morto-vivo à todos!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dia 12 de outubro: do que se trata esse feriado mesmo?

     Dia 12 de outubro. Embora muitos concluam que o feriado do dia de hoje seja uma homenagem às crianças, esses estão, obviamente, errados. Os que acham que o dia de hoje é uma comemoração ao achado de dois caboclos no mesmo dia de hoje, só que alguns séculos atrás, no rio Parnaíba estão, também, errados. O dia de hoje é uma ode ao poderio que a Igreja Católica exerceu e exerce no lado de cá do planeta.





Muito mais que um cenário para Dan Brown, o Vaticano ainda é uma das maiores forças do planeta







   Em busca de soluções para justificar seu poder perante as populações aborígenes e/ou predominantes nas Américas, a Igreja Católica utilizou-se de expedientes nada santos. No México, temos a aparição de Guadalupe, por meio do achamento da imagem da santa por índios. No Brasil, temos a Aparecida, achada por dois caboclos.

   Mais eficiente que a tortura corporal como castigo para demonstrar a ira de Deus por não seguirem a fé cristã, os achamentos são uma forma "divina" e "misteriosa" para demonstrar aos pagãos e gentios o quanto estavam errados em seguir os ídolos e " falsos-deuses" que seguiam e o quanto deveriam seguir aquele novo deus verdadeiro que fazia coisas surgirem do nada.

   Não tentando invalidar a capacidade que a Igreja tem em se fazer crer, mas, imaginem, que apelo teria este achado se ele fosse feito por um pirata francês, ou um observador germânico, ou mesmo um colono português? Seria difícil acreditar que teríamos toda a repercussão que hoje existe em torno do ato dos caboclos.

   Trazendo o assunto para os nossos dias, temos, então, um feriado católico, capaz de parar um país de dimensões continentais (inclusive aqueles seres que não são católicos!!!) por um motivo nada católico: a conquista da alma dos terríveis seres que habitavam esses pagos, por meio da força e da farsa!





Índios sendo catequizados: bom trabalho católico

   Que a imagem da santa foi encontrada, não há dúvidas. As dúvidas pairam sobre as circunstâncias. Mas, enfim, não adianta discutir isso, uma vez esse feriado já está com seu sentido esvaziado há anos: o que interessa aos brazucas nessa data é dar presentes caros que seus filhos destruirão em segundos para tentarem se redimir de suas ausências enquanto pais.






Brinquedos caros: mas do que mesmo que se trata esse feriado?





   O que ainda justifica a "comemoração" desse feriado é a movimentação que ele traz para a economia, por conta dos brinquedos inúteis e pelos sorvetes nos parques consumidos por escutadores de Justin Bieber. No mais, tudo se trata de uma manifestação de força política, expressa pela força “divina" de uma Igreja em apuros por não conseguir explicar o que aquele monte de terra com um monte de gente não-cristã encima fazia no meio do oceano uma vez que não consta na Bíblia.

   Estava falando da América!


América: mas... onde estava esse troço???!!!


   Um abraço sufocante e católico à todos!

sábado, 8 de outubro de 2011

15 anos sem Renato Russo!!!

   Nas proximidades do dia 11 de outubro de 2011, agora eu, um senhor idoso de 26 anos, relembro a saída do palco de um dos meus filtros de realidade: o senhor Renato Russo.

Russo, nada mais


    Renato Russo nos deixou aos onze dias do mês de outubro de 1996. Eu, então um senhor idoso de 11 anos, fiquei extremamente comovido: o vício em Legião Urbana me é de causa hereditária materna. Desde que me entendo por gente ouço as músicas desse cara. Até os dias que ainda lembrar ( ou pensar) que sou gente, vou escutá-las.
   Renato foi o amigo fiel que me fez encontrar luzes onde havia dúvidas e músicas onde havia silêncio. Me deu conselhos para vários momentos complicados da minha existência. Nunca tive a oportunidade de vê-lo pessoalmente, por óbvio, mas, por óbvio também, ele é meu amigo.
   Poucos homens, talvez somente ele e Homer Simpson, me fizeram ficar horas na frente da televisão. Foi por conta dele que tivemos que dormir, eu e vários colegas, na casa de um outro amigo ( o único que tinha MTV em casa) para assistir ao Acústico MTV da Legião Urbana. Saudozismo barato da minha parte, mas era uma época boa.


Praticamente fugi de casa para assistir ao Acústico, sete anos depois da gravação do mesmo
   Bons tempos eram aqueles! Era muito legal ficar tentando tirar as músicas da Legião no violão...foi pelo fato de eu não conseguir tirar nenhuma que fui tocar bateria! Também era legal decorar as letras, ver que cantava Faroeste Caboclo, aquela do João de Santo Cristo ( e que a mídia "elitista" achava uma porcaria") mais rápido: tinha até competição pra isso.


João de Santo Cristo: personagem da música Faroesta Caboclo
   Sou, muito provavelmente, da última geração que cresceu ouvindo a Legião, o que me deixa, de certa forma, triste. Triste por ver que hoje as crianças crescem ouvido que devem rebolar ao invés de pensar ( incentivadas pelos seus cafetões, ops... pais) e achando o Sou Foda  ( e suas infidáveis e vomitáveis (a)versões) legal. Tudo bem, idiotas existiram em todas as épocas, não é uma exclusividade do tempo atual, mas é desastroso ver que, agora, eles dominam as mídias!!!
   Agradeço à minha mãe por ter me feito sentar para ouvir a voz ( que sabe Deus de onde saía!!!) de Renato Russo... eu podia ter ouvido lambada e hoje achar que Fernando e Sorocaba tem músicas boas!

   Um abraço sufocante com a mesma Força Sempre!!!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Crime contra a honra.... mas que honra?

   Nos últimos dias assisti, não sem uma cara de velha crente ( cara de quem está constantemente estupefato), um fato absurdo: a tentativa de censura do excelente músico Tonho Crocco.

Tonho: censurado por falar o que devia
  O senhor Tonho Crocco fez um inteligente protesto, em forma de RAP, para com os excelentíssimos deputados gaúchos que imputaram a si mesmos o absurdo aumento de 73% nos próprios salários, como já foi protestado nesse blog. Inclusive, meu candidato, Raul Carrion, traiu minha confiança e agora vai receber um novo voto meu no dia em que os porcos voarem.
   Pois então, o senhor Tonho Crocco estava sendo processado pela casa legislativa por crime contra a honra....
   Mas... como assim, honra????
  Esses homens e mulheres que pensaram coletivamente em censurar e processar Tonho Crocco por crime contra a honra esqueceram-se de um pressuposto básico: há de se ter honra para que essa seja lesada.  Assim não posso ter um carro roubado se não possuo um, os senhores deputados estaduais não podem processar Tonho Crocco por crime contra a honra por não terem nada da mesma.
  Como dizer que possuem honra, se foram eleitos para nos representar e estão nos assaltando? Nossos serviços públicos, cada vez mais sucateados, servem de explicação para esse aumento? Cidades da metade sul do estado que nem possuem abastecimento regular de água justificam isso? Que porra de honra é essa?
  Creio que a resposta para tudo seja não. Se não honram meu voto ( e os votos de outros milhões), é sinal que a tal da honra deve ter morrido tentando resgatar sua tartaruga de estimação de um incêndio na choupana em que morava.
  Me sinto com o Rei Príamo, que morreu perguntando pela honra de seus atacantes gregos, enquanto esses se maravilhavam com o ouro dos seus saques à cidade de Troia. A diferença é que não sou rei e meu Cavalo de Tróia é uma urna eletrônica.
  Assim como ele, o rei, pergunto: vocês não têm honra?

:
Assim como Príamo, pergunto aos meus atacantes: vocês não têm honra?

  Um abraço sufocante e desonrado à todos!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Brasil: ordem e progresso? Nããããão! Hipocrisia senhores!

   Lendo as últimas notícias do meu querido Brasil, não pude deixar de ficar atordoado com uma delas: uma das pessoas mais inteligentes e geniais já paridas em território nacional estava correndo o risco de ser presa por uma piada. Parece piada, mas isso acontece com o Rafinha Bastos.

Rafinha: um genial brasileiro injustiçado
   Mas que país de merda é esse em que vivemos? Como a tal da liberdade de expressão já se foi ao caralho faz tempos, vou me dar o direito de transgredir o habitual tom pseudo-intelectual das minhas falas aqui nesse blog.
   O cara faz uma piada sobre estrupo e dizem que ele está fazendo apologia ao crime!!! Nada mais justo que processar um artista que vive de fazer rir e faz muito bem o que se propõe. Ao meu ver, quem propõe um processo desses, deve, no mínimo, não saber que sexo não é apenas uma palavra do rico léxico português.
  Voltando ao tom habitual, vamos pensar um pouco: por que, what hell, está ocorrendo essa inversão de valores com a sociedade brasileira? O cara faz uma piada sobre estrupo e querem prendê-lo... e o que acontece com quem nos fode todos os dias? Estão governando o país, roubando e rindo da nossa cara!

Políticos nos fodem todos os dias... e o que acontece com esses crápulas?

   Me irrita profundamente a hipocrisia que está tomando conta da sociedade brasileira. Além dos políticos que assumem mandatos mesmo cometendo crimes (como se existisse crime para ricos no Brasil), existem ainda toda uma corja de hipócritas de plantão dispostos a transformar gordos em pessoas com problemas de peso e todo cara que não tem assunto em vítima. Boa parte da imprensa, setores de outras mídias e as igrejas caça-níqueis, ops, neopentecostais se encaixam nisso.
   De uma forma muito arisca e sem que a população se dê conta, o que se está instalando novamente no Brasil é, nada mais que isso, a boa e velha censura. Com apoio das grandes mídias, que divulgam os pensamentos hipócritas, a população, que escuta Luan Santana e tem uma cicatriz no cérebro ( valeu Lobão!), aceita sem pensar no que está aceitando.
   Infelizmente, o que prevejo para nosso querido país é um futuro sem as geniais e ácidas piadas de caras como o Rafinha. Vamos todos ter que rir de piadas zorratotalísticas, ditas de bom tom e sem "maldade".... afinal de contas, eu to pagano!

Por favor, me matem antes que o que sobre do humor seja apenas isso!!!
   Como disse o próprio Rafinha, imagine o Mussum numa época lamentável dessas... iriam reabrir a pena de morte pro cara!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Comparações

????? !!!!Ahhh tá!!! Dirige então ae meo!!!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

KIT PRECONCEITO

Breve história.

Certo dia um adolescente judeu - na saída da escola – recolheu um pequeno papel no chão. Percebeu que era um panfleto publicitário e cheio de coragem e bravura exclamou:

- Viva a palestina!!!!!!!!!!!!

Fim da história.

O conto acima não faz nenhum sentido, mas é exatamente o que o MEC espera que aconteça espalhado publicidade anti-homofobia. O ministério de um país continental acha que distribuir vídeos de afeto entre pessoas de mesmo sexo pode, de alguma maneira, modificar a percepção de sexualidade de uma sociedade.

Não quero entrar no mérito de questionar o valor pago as agências publicitárias para fazerem propagandas sem sentido (!), mas procuro entender como o órgão responsável por administrar a formação de opinião do país chegou ao ponto de fazer uma m_r_a gigantesca. Como se um dia fosse possível alguém olhar uma propaganda e modificar o pensamento de uma Era.

O que me intriga é falta de respeito para com todas as outras "diferenças" que não ganharam uma propaganda própria, pois, um dia numa escola pública, matricularemos nossos filhos e ganharemos um livro de como tratarmos as mulheres, os negros, os homossexuais, os índios, os pobres, os portadores de necessidades especiais... Não há meu caro, preconceito maior que o politicamente correto, pois a preocupação com a naturalidade em tratarmos as nossas diferenças é altamente preconceituosa. Dessa forma, o preconceito é institucionalizado em nosso país, pois colocamos barreiras e limites de classificação de cada um na sociedade.

Eu, para auxiliar o MEC nas suas próximas empreitadas, imaginei um vídeo de poderíamos mostrar para as crianças nas escolas públicas:

"...o cenário seria uma escola pública, um jovem de origem alemã (cadeirante) beijando (de língua) um velho negro, amparados pelo zelador da escola (um índio cego) e, ao fundo, uma mulher executiva (muçulmana) olhando seu marido zelador..."

As crianças compreenderiam a respeitar todos os seres humanos na mesma hora!

Por hora, é inegável que as políticas públicas na educação estão equivocadas, sobretudo, pela visão de causa e efeito nas práticas de inserção de todos na sociedade. Não se ensina consciência com propagandas para grupos sociais específicos, mas com educação de qualidade e visão sistêmica da responsabilidade de cada um na sociedade. Ao invés de promovermos passeatas e dias específicos para diversos grupos diferentes, vamos promover passeatas e mobilizações em prol da humanidade, do respeito de todos e dos direitos sociais. O kit distribuído nas escolas deveria ser muito maior, pois deveria conter educação de qualidade, esperança, filosofia, sociologia e dignidade.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Idade Média revisitada: a intolerância humana

   Que o terremoto do Japão foi uma tragédia maior do que o filme do Justin Bieber não há dúvidas. Mas, em minhas experiêcias pelo mundo afora, percebo outra tragédia, manifestada na forma de comentários sobre a triste sorte nipônica:a tragédia humana.

Não bastasse tudo o que aconteceu, os japoneses ainda são alvo de comentários desnecessários
  Os comentários em diversos sites sobre a tragédia do Japão são heterogêneos. A grande maioria se solidariza com o ocorrido. Aqui quero chamar atenção para a grande minoria. Pessoas, se é que dá para chamar assim, visívelmente cristãos exaltados, jogando a culpa de tudo no próprio povo japonês. Isso mesmo, a culpa, segundo essa gente, é dos próprios japoneses. Explico.
  Esses seres, muito familiarizados com a cultura humana ( estou sendo irônico, para quem não percebeu!) dizem que tudo ocorreu porque somente cerca de 5% da população japonesa é cristã. E o queco com isso?!!!
  Dizem eles que tudo isso foi um castigo de Deus por não terem se convertido ao cristianismo. Claro, eles deveriam morrem quietinhos enquanto os padres portugueses traçavam suas mulheres, supostamente, possuídas pelo coisa ruim ignorando milênios de ancestralidade cultural. Que óbvio!!!

Placas tectônicas: não estão na Bíblia, assim como o Japão
   Esses seres carísmáticos ignoram a existência das placas tectônicas pelo simples fato de não estarem na Bíblia e que tais placas provocam terremotos muitos antes do primeiro homem sair da posição de cachorro e vão continuar aqui muito depois que a gente estiver lotando o inferno.
  Outra coisa ignorada é, nada mais nada menos, que a diversidade cultural humana. Enquanto o ocidente nem sonhava com o que era, ou viria a ser, o cristianismo, o oriente já tinha bem moldada suas culturas, a religiosa inclusive. E, pasmem, já aconteciam terremotos por lá.
  Outro ponto, talvez assustador. Queridos exaltados, também há terremotos e tragédias naturais em terras cristãs. Você pode colar a Bíblia na frente da cara que eles ainda vão ocorrer.
  Infelizmente esses seres, que de cristãos têm muito pouco ( esquecem que um dos ensinamentos que deveriam seguir tem a ver com solidadariedade...), estão levando, gradativamente, o mundo de volta à Idade Média, onde intolerância era a ordem do dia.



Idade Média: é para lá que a lavagem cerebral cristã vai acabar levendo a humanidade

  Não se pode esquecer que o cristianismo exaltado levou o mundo a primeira guerra de proporções mundiais, a primeira cruzada, e à todas as outras que se seguiram. Também foi ele que, em seu antisemitismo, aniquilou grande parte da população judia da europa, o que culminou no Holocausto da Segunda Guerra.
  Seria bom que, antes de ser religioso, se fosse humano. E, para ser humano, basta usar algo bem interessante que nos foi dado ( pode ter sido por Deus!): a racionalidade!


  Um abraço sufocante e medievo à todos!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Edições do caramba: as atrocidades globais!

    Após muitos dias de ausência e silêncio, retorno, após nascer de novo, de novo, quando participei de um destruction derby de verdade ( acidente de trânsito) no qual vi boa parte da minha vida passar diante dos meus olhos sendo narrado pela Tartaruga Touché ( só mais tarde descobri que o narrador era o Lima Duarte!).
Será que minha vida é tão insignificante para ser narrada por esse quelônio?


   Por hoje, o que venho reclamar, além da evidente saída de campo de Ronaldo Fenômeno ( mentira, não vou falar disso) é uma espécie de continuação do último post.
   Eu fico apavorado com a quantidade de "notícias" sobre o tal do Grande Irmão Brasileiro, e sobre os comentários tristes das pessoas que me rodeiam sobre isso. O Oriente Médio em convulsão, a decisão do novo salário mínimo e outras tantas coisas mais relevantes e as pessoas ficam se pergutando se o tal traveco vai posar na Playboy!!!  Queira Deus que não! Não quero nem imaginar como ficaria a masturbação das novas gerações!!!!
   O que mais me aborrece é ver que tem até pessoas que discutem para ver quem merece ser votado naquela porcaria televisiva!!! Meu Deus, pra quê!?
   Felizmente eu não assisto isso. Prefiriria afogar meus neurônios em álcool. O que tenho assitido na teve ultimamente também me deixa triste: Simpsons e 24 horas. Não pelas sérias, que são excelentes, mas pela forma como a toda poderosa Globo as exibe.

Jack Bauer: nível 5 na minha escala de deificação
  A Globo atora, dilarecera, destrói os episódios dessas séries. Um deus para mim, Jack Bauer fica parecendo uma colegial assustada na edição global. O cara queria fuder o sistema ( um Capitão Nascimento versão macro) e as chamadas globais insistiam que ele queria vingar a namorada dele??? Certamente, eles não estavam assistindo a mesma série que eu.
  Outra coisa que me revolta, são os cortes que fazem nos Simpsons quado estão assistindo Comichão e Coçadinha. Porque? Só pelo fato de mostrar sangue?

Comichão e Coçadinha: atrocidade é o que a Globo faz com os episódios dos Simpsons quando esses aparecem

   Ora, a emissora quer posar de defensora da moral e dos bons costumes e exibe BBB? E esquece do seu passado negro em que apoiou a Ditadura e apoiava ( e apoia) as classes dominantes, constribuindo para a formação de uma camada subalterna da população que culmina no Tropa de Elite 3 ( aquele exibido ao vivo, no Complexo do Alemão)!!!
   Atrocidade por atrocidade, deixem as criançar rirem um pouco de sangue de mentira! É melhor que o o sangue que escorre dos meu olhos quando olho televisão!


  Um abraço sufocante e global a todos!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Alice acorrentada na frente do espelho: o Grande Irmão Brasileiro

   Mais um ano que começa. Contas, cidras baratas, bebedeiras sem sentido, programação de verão e, claro,nesse contexto não poderia faltar o programa da família brasileira: Big Brother Brasil.

Big Brother Brasil: irmão de quem?
     Quando o escritor George Orwell lançou seu livro "1984" não imaginava, nem em seu pior pesadelo ( talvez um sonho em que porcos falavam de Revolução), no que o personagem-metáfora do Grande Irmão iria se transformar. O pobre escritor deve ter transformado seu caixão em liquidificador, de tantas vezes que deve ter se revirado no túmulo.
    Um dos maiores clássicos universais da literatura inspirou um dos maiores fiascos televisivos da história. Fiasco somente em termos de conteúdo (sic!), pois sabe-se que, ao menos no Brasil, o programa é uma experiência extremamente rentável.

O clássico de Orwell inspirou este zoológico que nos é mostrado na tevê
      E, por que diabos, uma produção de péssima qualidade, visivelmente forjada e ridícula, é um sucesso? Explico. Além de, assim como as músicas-chiclete, ocuparem o vácuo interno existente entre as duas orelhas da maioria dos brasileiros ( conhecidos como cérebro, em humanos), o programa oferece algo que apetece ao grande público: a desgraça, a bizarrice e a vergonha alheia. O programa acaba por fomentar o que temos de pior, que é a capacidade de rir da desgraça daqueles homenzinhos presos na caixa.
     Mas não ria demais: se você desligar a tevê, ela vira um espelho. Olha bem, quem é que tá preso aonde? Quase todos temos esse espelho para ver o mundo doente, como dizia o Russo... mas trocamos nossa riqueza, que é nosso tempo, por essa quiquilharia sim valor.

Não somos índios cantados por Russo: pagamos pelos espelhos mágicos que nos fazem esquecer do mundo doente. É o nosso teatro dos vampiros encantador!
    Além dos aspectos supracitados, a própria produção do programa dá uma forcinha para que essa encenação fajuta ultrapasse os limites do estúdio onde é gravada. Traçar scripts para os "participantes" e manipular o número de ligações e/ou votos numa apuração de eliminação são algumas dessas táticas. E por que motivos se faz isso? Para tentar envergonhar o cara que, como eu, não assiste essa merda, fazendo com que, por exemplo, todos os colegas de trabalho falem sobre quem vai ser eliminado no "paredão" enquanto, concomitantemente, chegam à conclusão de que sou um chato porque não assisto essa porcaria.


Fabrício: Uma das poucas pessoas que conheço que não mentem que gostam do Big Brother para puxar o saco de alguém ou fazer de conta que tem assunto
   Um das coisas que também me indigna nesse programa é ver o Bial, alguém que por quem tinha certa consideração até o ano 2000, apresentando o circo e chamando aquelas ricas criaturas de nossos heróis. Puxa vida, se ele ainda usasse de ironia para dizer isso, mas, convenhamos, ele tá fazendo o serviço dele. Ter que mentir um monte na hora que os caras são eliminados, dizendo o quanto eles são gente-boa e melhores do que quem tá, infelizmente, assistindo, não é fácil. Ele, o Bial, é um excelente ator .
   Agora, concentremo-nos na atitude heróica dos brothers:




  É isso ai tudo o que está acima que eles tem de heróicos. Absolutamente nada. Fazem o mesmo que você faz, e, você, também é monitorado por câmeras o tempo todo. Então você também é herói? Pode ser que você seja o Super Zé, mas só vai ganhar muita grana se acertar na Mega.
  Herói é quem consegue dedicar algumas horas preciosas do seu dia para ver essa ladainha de faz-de-conta ao invés de dar atenção ao filho, que encontra a devida atenção no seu novo amigo que conseguiu umas paradas naturais para revenda! Até o seu cachorro mereceria mais atenção do que a televisão!
  É, esses homens na caixa escolheram entre o bem e o mal, ser ou não ser... sem nunca ter lido Shakespeare, não terem idéia do que seja Maniqueu, pensarem que dualismo é uma classificação sexual e, o pior, nem escutarem Alice in Chains.



De uma maneira absurda e sem nenhuma concatenação, o BBB tenta reunir coisas tão díspares como as colocadas acima


   Vida real, a música da RPM que é tema de abertura do programa, também diz muito sobre o que abre: se eu pudesse escolher, entre a imitação tosca da vida tosca de gente tosca e a minha realidade tosca, escolheria trabalhar até depois do horário para tentar conter a vontade de destruir meu aparelho televisivo.
  Quem é irmão de quem? O ser muito além do cidadão Keane?

  Um abraço sufocante e fraterno a todos!
 

sábado, 8 de janeiro de 2011

Bola nas costas: o futebol como política do pão e circo

  O recente leilão fomentado pelos meios de comunicação em massa com relação à vinda do Ronaldinho Gaúcho para o futebol brasileiro tem me feito pensar nas razões para que tal ato ganhe tanto destaque na imprensa. Como numa teoria da conspiração em que os Iluminati domam a História do mundo, os meios de comunicação corroboram para que, cada vez mais, o futebol seja o ópio do povo brasileiro.

Milhões são arrastados para dentro dos estádios e esquecem-se do restante da vida: tem gente que troca mulher por futebol

   O antigo jogo britânico que representa a execução de uma batalha sem, na maioria das vezes, mortos, ganhou sua versão moderna no século XIX. De lá para cá só fez crescer e conheceu, sob os pés dos brasileiros, seus maiores mestres.
   Não há mal algum em dedicar tempo à uma paixão que jamais será correspondida, que é a relação torcedor-time, o problema todo está quando todo o restante da vivência perde espaço para a idolatria de onze homens correndo atrás de uma bola.
  Essa idolatria encontra um apoio irrestrito na política, ajudada pela mídia de massa. Enquanto há três minutos para apresentarem a mais nova falcatrua da politicagem, os jornais dedicam um quarto de hora para falarem sobre quem vai arrebatar o passe de Ronaldinho Gaúcho e/ou sobre os preparativos da Copa de 2014.

Embora não tenha culpa nem consciência disso, Ronaldinho acabou por abrir discussões sobre a demasiada importância do futebol no Brasil

   É a velha política do pão e circo, que vem dando certo desde os tempos romanos. Por um espetáculo ( que ulitmamente não tem sido tão espetáculo assim), o povo deixa que seus governantes façam qualquer coisa e ficam felizes com um chute de rosca dado com a canela que acaba entrando nas redes. E o pão não é mais dado.
  Embora não seja torcedor de time algum ( o que me faz praticamente um exemplar único da espécie) sou um admirador do bom futebol e não fujo de uma boa pelada. O que me entristece é ver que, enquanto as grandes telas mostram um futebol decadente e milionário ( em suas dívidas), deixamos a defesa aberta para que sejamos atacados por pessoas velozes e sem escrúpulos que nos dominam por conta de nossa total falta de consciência e memória.

A corrupção e os corruptos também são grandes fãs do futebol

   Infelizmente, nossa falta de memória é tamanha que é possivel encontrar torcedores  fanáticos que nem lembram-se do último título do seu clube ( mesmo que ele tenha ocorrido na temporada anterior). Se se esquece do que se ama, como pedir que se lembre do que não se importa?
   Para mim, parece que, ao final de todo jogo, são disparados aqueles aparelhos que apagam a memória, com os do filme " MIB: Homens de preto". Caso ao contrário, como explicar nossa falta de interesse e de memória por assuntos mais relevantes que futebol? Como explicar que piadas repetidas à exaustão ainda sejam motivos de riso? Isso explica, de certa forma, porque o Zorra Total permanece no ar!


Ao final de cada jogo, a memória dos espectadores é apagada... isso explicaria nosso esquecimento crônico de coisas importantes





   Apesar de tudo, continuemos jogando futebol. São mais algumas horas de economia de energia do meu inútil aparelho televisor.




   Um abraço sufocante, futebolístico e dentuço a todos!



sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

sábado, 1 de janeiro de 2011

Posse e pose: falas sobre o "fim do preconceito"

  1º de janeiro de 2011. Ano novo. Posse da primeira mulher presidente do Brasil. Enquanto Dilma subia a rampa do Palácio do Planalto,caiam séculos de uma sociedade machista e preconceituosa. Vários foram os comentários de que se estava dando mais um passo para o fim de preconceitos em nosso país. Será?

Dilma: da luta à presidência
  Não em vão, a chegada de uma mulher na presidência do Brasil, suscitou, e vai suscitar, discussões sobre sexismos e preconceitos. Fala-se em conquistas das mulheres, porém, podendo aqui ser tachado de preconceituoso, sabe-se que a eleição de Dilma teve muito mais a ver com a atuação de um homem, Lula, do que a força dela própria.
  Frases como " finalmente uma mulher na presidência em 2011", "esperamos cinco séculos para ter uma mulher da liderança" foram repetidas nas transmissões da solenidade de posse. Ora, quando foi a reunião que se estabeleceu quem até 2011, deveríamos ter uma mulher na liderança?

Por acaso foi aqui que decidiram o porvir dos séculos?


  Nada contra uma mulher presidente. Votei na Dilma. Mas dizer que isso retrata o fim de um preconceito é demais para a minha cabeça. Ora, por certo que os preconceitos vão continuar e, também é certo, não há nada que se possa fazer para erradicá-los.
   Preconceitos são, de uma forma primeira, bons. Foram eles que definiram fronteiras dos espaços nacionais e que fizeram com que mudanças tecnológicas fossem feitas para evitar o outro, ou não fazer como o outro fazia. É ele que divide a política em partidos e possibilita discussões enriquecedoras. Todo o preconceito contra o preconceito se dá quando esse é expresso na forma de intolerância e violência, física ou verbal.
   Gosto muito de rock e não escuto outras músicas. Não é por isso que vou soltar uma bomba num show de música sertaneja ( emobra já tenha tido essa votade!) só porque não curto o mesmo som. É um tipo de preconceito, mas aprendi a respeitar a decisão dos outros, não só com relação aos gostos musicais, mas em todos os aspectos.

Não é porque não gosto de algo que devo explodí-la, como fazem certos seres
   Dizer-se contra o preconceito é negar a essência humana bem como um erro. Todos temos um conceito pré-estabelecido contra diversas coisas, caso ao contrário, dificilmente nos manteríamos vivos, pois estaríamos propensos a adotar atitudes que colocariam nossas vidas em risco.
 O preconceito é facilmente confundido com discriminação. Embora se tenha preconceito contra algo, é importante sempre realizar o exercício de respeito ao próximo em suas diferenças, ainda que não as goste.

Lula: da brincadeira do pólo exportado de viados ao apoio contra preconceito. Será?


  E o que um post aparentemente sobre a Dilma tem a ver com preconceito? Ora, esse post serve apenas para sinalizar que um fim do preconceito ( contra a mulher ou de qualquer ordem), ainda que entendido como discriminação, não acontecerá porque ela subiu ao Planalto assim como o fim da pobreza no Nordeste não ocorreu quando da posse de Lula porque ele é nordestino.
  É um erro pensar no fim da discriminação colocada na forma de violência e um erro maior não lutar contra ela.
  Por fim, desejo à nossa presidenta um excelente período de governança!

 Um abraço sufocante e empossado a todos!