Nos últimos dias assisti, não sem uma cara de velha crente ( cara de quem está constantemente estupefato), um fato absurdo: a tentativa de censura do excelente músico Tonho Crocco.
O senhor Tonho Crocco fez um inteligente protesto, em forma de RAP, para com os excelentíssimos deputados gaúchos que imputaram a si mesmos o absurdo aumento de 73% nos próprios salários, como já foi protestado nesse blog. Inclusive, meu candidato, Raul Carrion, traiu minha confiança e agora vai receber um novo voto meu no dia em que os porcos voarem.
Pois então, o senhor Tonho Crocco estava sendo processado pela casa legislativa por crime contra a honra....
Mas... como assim, honra????
Esses homens e mulheres que pensaram coletivamente em censurar e processar Tonho Crocco por crime contra a honra esqueceram-se de um pressuposto básico: há de se ter honra para que essa seja lesada. Assim não posso ter um carro roubado se não possuo um, os senhores deputados estaduais não podem processar Tonho Crocco por crime contra a honra por não terem nada da mesma.
Como dizer que possuem honra, se foram eleitos para nos representar e estão nos assaltando? Nossos serviços públicos, cada vez mais sucateados, servem de explicação para esse aumento? Cidades da metade sul do estado que nem possuem abastecimento regular de água justificam isso? Que porra de honra é essa?
Creio que a resposta para tudo seja não. Se não honram meu voto ( e os votos de outros milhões), é sinal que a tal da honra deve ter morrido tentando resgatar sua tartaruga de estimação de um incêndio na choupana em que morava.
Me sinto com o Rei Príamo, que morreu perguntando pela honra de seus atacantes gregos, enquanto esses se maravilhavam com o ouro dos seus saques à cidade de Troia. A diferença é que não sou rei e meu Cavalo de Tróia é uma urna eletrônica.
Assim como ele, o rei, pergunto: vocês não têm honra?
Um abraço sufocante e desonrado à todos!
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