sábado, 8 de janeiro de 2011

Bola nas costas: o futebol como política do pão e circo

  O recente leilão fomentado pelos meios de comunicação em massa com relação à vinda do Ronaldinho Gaúcho para o futebol brasileiro tem me feito pensar nas razões para que tal ato ganhe tanto destaque na imprensa. Como numa teoria da conspiração em que os Iluminati domam a História do mundo, os meios de comunicação corroboram para que, cada vez mais, o futebol seja o ópio do povo brasileiro.

Milhões são arrastados para dentro dos estádios e esquecem-se do restante da vida: tem gente que troca mulher por futebol

   O antigo jogo britânico que representa a execução de uma batalha sem, na maioria das vezes, mortos, ganhou sua versão moderna no século XIX. De lá para cá só fez crescer e conheceu, sob os pés dos brasileiros, seus maiores mestres.
   Não há mal algum em dedicar tempo à uma paixão que jamais será correspondida, que é a relação torcedor-time, o problema todo está quando todo o restante da vivência perde espaço para a idolatria de onze homens correndo atrás de uma bola.
  Essa idolatria encontra um apoio irrestrito na política, ajudada pela mídia de massa. Enquanto há três minutos para apresentarem a mais nova falcatrua da politicagem, os jornais dedicam um quarto de hora para falarem sobre quem vai arrebatar o passe de Ronaldinho Gaúcho e/ou sobre os preparativos da Copa de 2014.

Embora não tenha culpa nem consciência disso, Ronaldinho acabou por abrir discussões sobre a demasiada importância do futebol no Brasil

   É a velha política do pão e circo, que vem dando certo desde os tempos romanos. Por um espetáculo ( que ulitmamente não tem sido tão espetáculo assim), o povo deixa que seus governantes façam qualquer coisa e ficam felizes com um chute de rosca dado com a canela que acaba entrando nas redes. E o pão não é mais dado.
  Embora não seja torcedor de time algum ( o que me faz praticamente um exemplar único da espécie) sou um admirador do bom futebol e não fujo de uma boa pelada. O que me entristece é ver que, enquanto as grandes telas mostram um futebol decadente e milionário ( em suas dívidas), deixamos a defesa aberta para que sejamos atacados por pessoas velozes e sem escrúpulos que nos dominam por conta de nossa total falta de consciência e memória.

A corrupção e os corruptos também são grandes fãs do futebol

   Infelizmente, nossa falta de memória é tamanha que é possivel encontrar torcedores  fanáticos que nem lembram-se do último título do seu clube ( mesmo que ele tenha ocorrido na temporada anterior). Se se esquece do que se ama, como pedir que se lembre do que não se importa?
   Para mim, parece que, ao final de todo jogo, são disparados aqueles aparelhos que apagam a memória, com os do filme " MIB: Homens de preto". Caso ao contrário, como explicar nossa falta de interesse e de memória por assuntos mais relevantes que futebol? Como explicar que piadas repetidas à exaustão ainda sejam motivos de riso? Isso explica, de certa forma, porque o Zorra Total permanece no ar!


Ao final de cada jogo, a memória dos espectadores é apagada... isso explicaria nosso esquecimento crônico de coisas importantes





   Apesar de tudo, continuemos jogando futebol. São mais algumas horas de economia de energia do meu inútil aparelho televisor.




   Um abraço sufocante, futebolístico e dentuço a todos!



Um comentário:

  1. É bem oportuno fazer sobre esse assunto uma crítica, devido à exagerada atenção dos meios de comunicação que o mesmo vem recebendo. Não bastasse por essa via, as redes sociais estão repletas de protestos sobre o fato, embora estes reforcem ainda mais o quanto as pessoas estão mais propensas a preocuparem-se com o circo do que com o pão. Mas em breve acabará este circo, porque um novo surge: o Big Bother Brasil, que acredito, não passará desapercebido por esse blog.

    ResponderExcluir