quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ano novo, vida nova?

  Todo ano é a mesma coisa. Promessas e mais promessas são feitas na esperança de que algo mude nas nossas tristes vidinhas rarefeitas. "Ano novo, vida nova!" dizem. "Ano novo, vida nova?", pergunto.


Fogos de artifício: tão artificiais quanto a onda de comemorações da data

   O período temporal de um ano é sempre comparado com o período de existência de um ser humano, também conhecido como vida. Dizemos que o ano vai nascer, que está indo embora, morrendo, lembramos dele como um ente querido ou como algo perverso. E desde que o homem notou que aquelas bolinhas brilhantes coladas naquela coisa preta lá em cima, também conhecidas como estrelas, não estavam sempre no mesmo local, procurou, astutamente, verificar a quantidade de luas que levavam para retornar ao mesmo ponto que observaram pela primeira vez: nasciam os anos.
   E, tal como uma criança que nasce e recebe diversos presentes de seus parentes babões, um ano novo recebe, não presentes, mas promessas. Intermináveis em suas vontades e efêmeras em seus cumprimentos, as promessas de ano novo são uma comédia à parte na vidade um bom observador e fazem meu ano já começar com vontade de rir.


Minha promessa favorita

  Dentre a enxurrada de promessas existentes, a mais comum, mas nem por isso menos cômica, é a " vou começar a malhar ano que vem!". Juro, gostaria de abrir uma conta corrente com o nome de academia, onde essas pessoas depositariam seu dinheiro para que eu possa gastá-lo em coisas mais úteis. A imensa maioria das pessoas que conheço se engana, todos os anos, com essa mesma promessa. Pagam três meses, vão três dias e focam enganando-se que estão cansadas demais para ir naquele dia, mas " amanhã eu vou!"... e nunca mais vai.
  Outra promessa que acho muito bacana, é a de economizar dinheiro para novas realizações. Como economizar se já se gasta em academias? Se você não soube se controlar na hora de comprar durante toda sua vida, quais são as chances de fazer isso em um ano? Além disso, a maioria dos viventes esquecem do porvir e gastam todo o 13º em bebedeiras e presentes natalinos... aí vem o IPTU, IPVA, rematrículas, etc. e as dívidas só se acumulam.


Com a grana torrada nas festas, as dívidas que você tem esse ano, serão as mesmas do ano que se aproxima
 
  Tem também as promessas para perder peso. Mas, claro, só valem após o feriado de ano novo, pois nele você irá se empanturrar de tudo que tiver na mesa, beber feito um terneiro e lograr os cachorros nos churrascos que são realizados.

Se todos que prometem emagrecer conseguissem, a agricultura poderia diminuir pela metade sua produção e alimentar todo o planeta
   Além das mesmas promessas, mesmas pulações de ondas e mesmas lentinhas, a vida toda continua a mesma. Até a programação da tevê, tão bem abordada no post anterior, é mesma: sempre se faz uma programação "especial" de verão ( é tudo igual, só que apresentado numa praia) e, depois, volta-se ao normal. Felizmente, para não perder minha capacidade de me surpreender com a vida e as coisas, sou um dos pseudointelectuais que trocam a tevê por livros.
   Você seguirá trabalhando, ainda terá de comer, tentará fazer sexo com alguém, tocará pedras em cachorros, irá ter que escutar música ruim... a vida é praticamente igual, como propunha a Igreja em tempos medievos: o tempo cíclico. Avançam as tecnologias e mudam-se as velas nos bolos, mas a sensação de repetição é constante, ao menos que se busque novas formas de se surpreender com a vida... e isso há de ser um exercício diário.
   E a vida seguirá, ainda que não existissem os anos, igual. Vida nova? É a mesma vida, mas sempre é bom renovar as esperanças mas, penso, não é necessário ter uma data para isso. Ou melhor, é bom ter uma data para renovar as esperanças sim: todo o amanhecer!

Lá vem 2011!
  É nesse climinha clichê, lembrando que todo clichê já foi novidade ( os de ano novo com os egípcios, talvez), com frasezinhas bonitinhas que encerro esse post!

 Um abraço sufocante e feliz ano novo (?)  a todos!

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