Não tem solução e é todo o ano a mesma coisa: programas de retrospectiva. Como se tivéssemos memória de peixe, a maioria dos canais de TV tenta empurrar goela abaixo um programa chato que não contribui em nada. Também pudera os atores, apresentadores, jornalistas têm que tirar férias no final de ano e a gente agüenta rever tudo o que foi visto e comentado massivamente nos próprios canais. Fazem programas especiais e, não bastando, cada programa faz sua própria retrospectiva, o que faz todos falarem absolutamente a mesma coisa.
Sempre fui fã de televisão, mas confesso que se a própria fizesse uma retrospectiva dela mesma, o programa dos últimos 20 anos seria exatamente igual. O especial do Roberto Carlos, o show da virada, especiais de natal - sempre falam de garotos pobres e papais noéis imaginários - mais especiais de final de ano e séries televisivas de absurda chatice.
Muitos podem se perguntar, por que olhar TV então? Ou sempre tem o falso intelectual que diz não olhar e fica lendo livros. O objetivo não é criticar a mídia televisiva ou os livros, mas entender que a televisão e a internet podem ser meios de comunicação para a obtenção de conhecimento tão eficazes quanto os livros. Porém vemos um descaso com a importância que a TV representa na maioria da população e facilidade que essa tem de poder comunicar. No momento que o jornalismo noticia um aumento de 63% no salário dos parlamentares somos bombardeados de histórias de natal, shows de final de ano e incentivo desumano ao consumo.
O que precisamos não é tirar a “magia” da TV, mas transformá-la em fonte mágica de transformação e de mobilização social. Não queremos uma retrospectiva, mas uma prospectiva para podermos avaliar e planejar o que nos espera mais a frente.
Diversos canais de televisão se vangloriam pelo jornalismo ou a capacidade de noticiar, porém o que adianta divulgar e não discutir? Em cada rede de televisão temos em média 4 horas diárias para o jornalismo, mas quantas horas diárias para a discussão e debate sobre as notícias?
É inegável que ao longo do ano fomos subjugados e no final dele somos anestesiados pelo embriagante consumismo natalino. É inegável que a comunicação tenha 63% de bons motivos para que tudo continue assim.
No meio dessa sacanagem toda: FELIZ ANO NOVO ou FELIZ ÂNUS NOVO.
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