O mundo corporativo oferece - além de dinheiro, vaidade e ganância – as tradicionais e hilariantes reuniões corporativas. Um lugar mágico com mesas redondas, cadeiras confortáveis, olhares medrosos e o melhor: uma linguagem própria. O sujeito, promovido a pouco, tenta situar-se na empresa com linguagens que aprendeu em algum livro de auto-ajuda empresarial. Ao invés de dizer “o negócio da empresa” ele diz “core business”, “follow up” tentando dizer “acompanhar”, supply chain, brieffing...
E então estamos em uma reunião, você deve estar se perguntando “porquê estou aqui?”, olha para frente e vê seu chefe gordo pronto para mijar a todos somente para cumprir o protocolo, além daquelas pessoas que realmente não gostariam de estar ali, mas que estão presentes por falta de carisma empresarial. Ponto básico: o diretor, que também está presente, é tarado – um cara até legal, mas longe da presença do chefe. Se pudéssemos tirar uma foto dos pensamentos – desse começo de reunião – veríamos balões escritos assim:
O chefe – Olha a cara de medo deles. É hora do meu show!
Diretor – Tinha que ter um copo de uísque agora.
O jovem promovido – a cara de mau dele me impressiona, acho que estou excitado.
O subordinado – Acho que vou vomitar.
Eu – Em uma batalha de iguanas e calangos, quem ganharia?
O show começa e o chefe está suando pacas. Ele certifica se alguém poderia estar gravando e arrisca seu primeiro palavrão da manhã. Não obstante, o diretor fica calado e fazendo “sim” com a cabeça incessantemente; o jovem promovido observa aprendendo o que vai reproduzir daqui alguns anos e o subordinado fica desejando a morte. Até que é decretado o fim do 1º round no momento em que a secretária bate na porta - ela entra – e poderíamos fotografar esse momento:
O Chefe – Belas ancas, boa contratação.
Diretor – Já comi. Acho que a vi no TIA CARMEN* ano passado. Estava bêbado demais para lembrar.
O jovem promovido – que sapato horrível! O chefe está olhando para ela. Tenho que chamar a atenção – pigarros.
O subordinado – Xingue ela, xingue ela também. Ó meu Deus!!!
Eu – Eu comeria. Se não tivesse comprometido com a mulher mais bonita do mundo - ;-) viu Jaque.
O 2º round começa com o 64º palavrão da manhã e todos já estão exaustos esperando uma definição do chefe. A secretária gostosa já se foi dando tempo a todos em pensar no que dizer. O Chefe já está cansado – malhar os outros dá trabalho (trocadilhos free) – e o diretor procura o telefone da secretária no celular; o jovem vai adotar uma atitude rude com a secretária e, quando for promovido novamente, vai demiti-la.
O nocaute vem quando o subordinado levanta e diz:
- Então é melhor me demitir!!!
Era o momento que o chefe estava esperando a manhã inteira; claro, não demitir o subordinado quando deveria faz com que o seu ego fique maior – será conhecido como chefe, o bondoso.
- Vou te dar uma segunda chance – diz o chefe – trate você de aproveitá-la. - Serviço feito – pensa.
Fazer com que o funcionário se sinta culpado e ainda sair com a fama de compreensível obriga o subordinado a trabalhar mais.
Se pudéssemos fotografar esse momento:
O chefe – Sou o máximo, simplesmente.
Diretor – finalmente, demorou hein? Eu não resistiria tanto. Recapitulando: ligo para a secretária e escolho um motel onde há uísque. Minha mulher não vai desconfiar de nada.
O jovem promovido – estou todo molhadinho. Será que o chefe olhou para mim?
O Subordinado - Sorte a minha de trabalhar numa empresa onde há pessoas compreensivas. Preciso trabalhar mais.
Eu – Espero que tenha sobrado café para mim. As bolachas certamente não sobraram.
Então pessoal, note você que nada na empresa foi resolvido e que as diversas reuniões corporativas não resolvem absolutamente nada. A não ser o ego do chefe, a oportunidade de sexo do diretor, o aprendizado de palavras em inglês do jovem, a insignificância do subordinado... Pelo menos o cara fala em trade off, upgrade, lead time...
A big hug for everyone! Ou apenas um abraço a todos!
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