sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Na frente e atrás: um breve histórico do duplo sentido

   Desde que o idioma do homem resultou na língua portuguesa e começamos a cantar, existem músicas com duplo sentido. Desde as canções de escárnio cantadas pelos trovadores medievos até os dias de hoje. O que venho reclamar, meus caros, não é a dubiedade, mas sim, a qualidade do que invade meus orifícios auditivos.
   No Brasil, como em muitos outros países, temos as músicas-chicletes: aquelas coisas que, mesmo sem gosto algum, não conseguimos parar de consumir, sabe deus o  motivo. Uma coisa que é fato, é que todas essas músicas têm um sentido por trás do que está sendo realmente dito.
   O que minha memória alcança é a onda, maldita onda, do axé dos anos 90. Alguém pensa que era realmente para " ralar na boca da garrafa" ou para "segurar o tchan"? Na verdade, alguém sabe o que é tchan?
  Pois é, felizmente quem cantava a música da garrafa se ralou, porém, ninguém segurou o tchan,  o que fez com que, durante vários anos, nossas vidas fossem invadidas por canções sem sentido algum ( olha o quibe!) e ditatoriais ( mexa isso, rebola aquilo, levanta não sei o que....). Quando completamos 10 anos do fim da ditadura política, estavámos na ditadura musical.
Campões noventistas de letras de duplo sentido
   Bueno minha gente, agora os tempos são outros. O que agride meus tímpanos, além das versões forró de grandes clássicos do rock (que realmente me fazem querer estar morto), é o tal do sertanejo universitário.
   Ora bolas, se chegou à universidade, deveria ter, ao menos, letras inteligentes. Um exemplo bem simples: " dar uma fugidinha com você"! Caramba, genial ( altas doses de sarcasmo)! Pessoas, troquem a letra "g" de fugida por "d" e teremos, então, a real intenção do autor de tal proeza.
   Saindo do exemplo acima, todas as letras de duplo sentido, independente do ritmo em que estão, ao menos em nosso país, sempre levam ao bom e velho sexo, ou você realmente achava que o que o cara botava e tirava a hora que queria da garagem da vizinha era um carro?
Sexo: esse ato natural é sempre a razão da duplicidade de sentido nas músicas
   Agora, não entendo o motivo de não se falar da coisa em si. Veja o funk carioca e suas belas canções. Falam explicitamente do sexo, e são letras tão belas...
   Queria, de verdade, entender a mente dos compositores de tais atrocidades. O problema não é falar sobre sexo, mas só de sexo. Existem muitas outras coisas para as quais se pode dar um sentido dubio. Mas nãããão, sexo é vida, como já dizia a propaganda (e dá grana), e porque não ajudar as pessoas a fazê-lo? Esses caras deveriam ajudar a pagar a educação dos filhos sem pais também!
   Meu discurso já tá quase moralista puritano estadunidense. Mas, enfim, me revolta o estômago ter que pegar um ônibus e escutar a rádio que o motora escolhe tocando essas "músicas" com as quais não torturaria nem meus inimigos.
   Por favor senhores compositores, utilizem suas cabeças de cima na hora de comporem. E já que o jeito é dar uma fugidinha, foge, e não volta mais, por favor!

   Um abraço sufocante e engarrafado à todos!

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